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Marradas, cornadas, coices e algumas lambidelas

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Lar doce lar

As pessoas e as casas ou as pessoas são como as casas

Há pessoas que são como a Nossa casa. O Lar. Conhecemos cada cantinho, cada cheiro, cada rodapé solto, cada parede esmurrada. E é tão bom chegar a casa, à nossa casa, no fim de um dia estafante de trabalho.
Ter dois braços abertos, quentinhos, e mesmo que nessa semana nos tenhamos esquecido de limpar o pó, é a nossa casa. Podemos refastelar-nos no sofá, pôr os pés em cima da mesinha de apoio, calçar as pantufas ou andar descalços, porque a casa é nossa.
O conforto que nos dá torna irrelevantes os pequenos defeitos como a porcaria da exautão da cozinha, ouvir os vizinhos do primeiro andar bater a porta, quando se mora no sétimo... com o tempo habituamo-nos e esquecemos esses pormenores.

O hábito também traz alguma preguiça. É preciso ter cuidado, porque como é a nossa casa, podemos deixar a mesa da sala parecer um monte de papéis, a cama por fazer, não lavar a louça do almoço,... mas se começarmos a abandalhar demasiado, a nossa casa começa a tornar-se desconfortável, e as pessoas ressentem-se, quando não as aspiramos há mais de quinze dias.
Podemos compensar com uma daquelas limpezas gerais que depois só nos faz apetecer ficar a comtemplar as janelas reluzentes, sentar no sofá sem amarrotar e sentir o cheirinho a lavado, a olhar para ele enquanto dorme, sem tocar, só olhar; mas o melhor é investirmos em pelo menos uma limpeza semanal, para não deixar acumular.
E no caso das pessoas, não devemos deixar as limpezas ao cuidado da mulher-a-dias... Há que ter muita cautela, e as mulheres-a-dias partem muita louça sem querer...

É tão bom, quando apetece mesmo limpar a nossa casa.
A nossa casa...

Mas às vezes é preciso mudar.
Porque a casa se tornou pequena, porque há mais alguém a morar lá e o espaço não nos chega, porque nos baldámos na arrumação e se tornou desconfortável, porque não conseguimos pagar a renda, porque fomos despejados, porque nos apaixonamos por uma moradia...
E cada mudança é realmente um trauma. E aí as pessoas já não são bem como as casas. Porque custa muito mais mudar os sentimentos do que carregar dez frigoríficos para um décimo andar sem elevador. Ter a vida em caixotes, o coração na casa nova, os miolos num armazém, a saudade repartida entre livros e cds na casa antiga,... Custa tanto que às vezes perdemos a coragem de mudar, e vamos ficando! Mas há que ter tomates, ultrapassar os traumas, e ajuda muito quando a próxima casa é muito mais quentinha do que a anterior...

Há sempre uma fase de adaptação à casa nova, porque no início, ainda não é bem nossa, porque não trouxemos tudo da casa velha, porque as nossas coisas ainda não se encaixam completamente na nova arquitectura. É preciso estudar, perceber de que lado fica melhor a estante, o que dizer quando ele acorda com a trovoada...
Mas quando a casa nova passa a ser a nossa casa...

Não há casa como a nossa.

Agora vou desemplasticar as almofadas novas que comprei para o sofá. Já tem uns anos, o sofá, mas ninguém me abraça e faz sentir em casa como ele!

6 comentários:

Anónimo disse...

"as pessoas ressentem-se, quando não as aspiramos há mais de quinze dias."
Muito bom

Anónimo disse...

Esta comparação é estranha. Se a casa for alugada estamos a falr de prostituição?

To Pinto

Anónimo disse...

Eu estou a gostar muito da minha casa nova. E nem tenho saudades nenhumas da antiga, que não prestava para nada.

Mãe Happy disse...

Se a mudança é para melhor, depressa esquecemos o que tinhamos antes!

Anónimo disse...

IOL. Eu já encontrei a minha casa com piscina! :)

Wolf disse...

Baquinha vais mudar de aido?